Até que enfim

Maquinário patrola trecho do passeio Três da rua Edna de Barros Beck

Obra, que não estava no cronograma da prefeitura, ganhou expectativa após reportagem do Diário Popular; na ocasião, o Jornal constatou o estado bastante precário da via

Não estava programado no cronograma de obras da prefeitura de Pelotas. O que não importa para os moradores do passeio Três da rua Edna de Barros Beck, Solar da Figueira, bairro Areal, Zona Leste de Pelotas. Na manhã desta terça-feira (19) parte deles finalmente viu maquinário do município patrolar o trecho mais caótico da via.

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Esta obra ganhou expectativa após reportagem do Diário Popular de 8 de dezembro do ano passado. Na ocasião, o Jornal constatou o estado bastante precário da via. De comprimento estimado em 150 metros, sem pavimentação e nivelamento e ainda em um declive, os últimos 50 metros da rua naquela época estavam intransitáveis. Na manhã desta quarta também. Se passaram 42 dias da promessa feita pelo diretor administrativo da Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura (SMSUI) de que uma equipe da Secretaria seria designada para realizar o patrolamento e a limpeza das valetas. Os serviços, segundo o diretor, deviam ser concluídos "até a semana que vem".

O compromisso não foi cumprido, segundo os moradores. Evidências disso estavam nas "crateras" que eles precariamente tentam preencher com resto de entulhos e outros materiais. "Nós, moradores, é que tentamos dar um jeito", disse a doméstica Claudete Vargas, 41 - que mora há um ano na última casa da Edna de Barros Beck. "A gente vai colocando pedra, entulho, tudo o que sobra quando se limpa o pátio a gente usa para tapar a buraqueira", diz. Ela e o marido são vítimas potenciais da condição sofrível da rua. Há três meses, ela teve que "se arrastar" por 40 metros até a ambulância que a esperava sob uma crise de estresse e ansiedade. O condutor do veículo foi até onde acreditava ser possível trafegar sem correr o risco de ficar ali mesmo e não conseguir levar a paciente. "Nem visita a gente recebe", diz Claudete. Relatos como esse não são poucos entre os vizinhos. Segundo os moradores, o caminhão que faz a coleta do lixo também não transita em toda a extensão. Sua vizinha, Maria da Rosa, há 14 anos no local, mostra o ferimento no pé da neta Maria Eduarda, 12, sofrido após a bicicleta que pedalava cair em um buraco. "E ela nem vinha rápido, ia devagar, recém tinha saído de casa."

Reparos
Desta vez, quando chegava ao local, a equipe do Diário Popular cruzou com um Fiat Uno identificado com o logo da prefeitura. O motorista estava deixando a rua. Menos de um minuto depois, quando a reportagem já conversava com os moradores, ele retorna. Se apresenta como Eduardo "Cabeça" ("É assim que todo mundo me conhece", resumiu), administrador do Areal - cargo vinculado à SMSUI. Afirmou ao repórter e aos moradores que estava há seis meses na função e na manhã desta quarta fora ao local para fazer levantamento fotográfico das ruas "para ensaibrar". "É a pior", constatou, mas sem dar um prazo para iniciar serviços de melhoria.

Enquanto isso mais moradores se aproximam e trocam entre si e com o representante da prefeitura críticas ao estado da rua bem como ideias e soluções para o local. Pouco tempo depois e de conversas ao celular, "Cabeça" anuncia: "Se não chover, quinta ou sexta-feira vamos fazer barulho aqui." Em resumo: patrolar, colocar cascote e, por fim, o ensaibramento. A promessa não impressionou os interlocutores. A experiência recomenda calma nessa hora. Pessoal está acostumado a promessas não cumpridas. "Só vejo político aqui para pedir voto", queixa-se o adolescente Thalisson da Rosa, 17, neto de Maria. Eduardo Cabeça então se despede, liga o carro e dá volta pelo trecho onde ainda é possível trafegar no passeio Três da rua Edna de Barros Beck, Solar da Figueira, bairro Areal, Zona Leste de Pelotas.

Minutos depois é visto no fim da rua, gesticulando com o que parecia ser um funcionário da prefeitura. Segundo ele, uma equipe estava recuperando uma praça nas imediações. Em seguida, uma patrola começa a subir pelo fim da via - últimos 50 metros dela - justamente os piores. "Vamos começar hoje [quarta]", afirmou, com ar de triunfo. A colocação de cascote e saibro se mantém para quinta-feira. Cabeça só não garante a manutenção - essencial devido à falta de infra-estrutura no local, que fica ainda mais comprometido com a incidência de chuvas. "Depende das condições financeiras da prefeitura."

 

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